AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE VIALONGA
EQUIPA DE INTERVENÇÃO PRECOCE
Relatório Final
2010/2011
Nome: Dinis Filipe Terceiro Rosa
Data de nascimento: 20/02/2008 Idade: 40 M
Situação Educativa: Creche
Estabelecimento de Educação: Creche da Casa do Povo de Vialonga
Perfil de funcionalidade
1. Actividade e participação
Em 06 de Maio/09, o Dinis é referenciado pela educadora de grupo da Casa do Povo de Vialonga à equipa de Intervenção Precoce, solicitado pelo Neuropediatra para estimulação na área de Motricidade.
Em 11/05/09, o Dinis começou a beneficiar de apoio, da Equipa de Intervenção Precoce, duas vezes por semana, num total de duas horas semanais, em articulação com a família e educadora de grupo, com objectivos específicos a desenvolver na área de motricidade global.
Em 16 de Junho fez avaliação de desenvolvimento, com a aplicação da Escala Growing Skills II. Observou-se um perfil ligeiramente abaixo da sua idade cronológica, sendo as suas áreas mais fracas as Capacidades Posturais Activas (10 M) e as áreas mais fortes a Manipulação, Fala e Linguagem e Autonomia (15 M). As áreas de Locomoção, Visão, Audição e Linguagem e Interacção Social estão dentro dos parâmetros para os 12 meses.
De acordo com a CIF-CJ, o Dinis apresenta dificuldades ligeiras na actividade e participação, relativamente à área de Mobilidade, em mudar as posições básicas do corpo, em manter a posição do corpo, em andar e em deslocar-se.
Na aprendizagem e aplicação de conhecimentos, usa 4 palavras com significado executa uma ordem simples. Bate palminhas, diz adeus acenando com a mão, imitando o adulto. Olha para uma imagem durante alguns segundos. Mostra compreender o nome de pessoas e objectos familiares. Rabisca de cá para lá e aponta objectos distantes. Mostra-se curioso e atento às pessoas.
2. Factores ambientais
Como factores ambientais são considerados a família, os técnicos de educação, a fisioterapeuta, como facilitadores substanciais.
O Dinis beneficia de acompanhamento da equipa de Intervenção Precoce, duas vezes por semana com um total de 2 horas.
Iniciou fisioterapia duas vezes por semana, pela fisioterapeuta da equipa de IP.
É acompanhado no Hospital D. Estefânia em consulta de Neurologia.
Esta família tem revelado uma grande coragem e empenho para conseguir perceber a problemática do Dinis, e também conseguir os recursos necessários para uma intervenção o mais precoce possível.
Tal como os pais, os avós são interessados e estão envolvidos no processo educativo do menino.
3. Funções do corpo
Conforme avaliação por referência à CIF e diagnóstico constante nos relatórios médicos, o Dinis tem uma doença/síndrome genético com complicações neurológicas muito complexo e raro, cujos contornos nosológicos e nomenclatura não estão ainda afixados, designando-se pela literatura médica como Leucoencefalopatia, calcificações e quistos cerebrais, (lesões supra e infra-tentoriais incluindo calcificações em toda a zona do cérebro. Embora as lesões estejam patentes em todo o seu cérebro, estas são mais exuberantes na parte direita do mesmo e junto ao globo ocular direito).
Embora o Dinis tenha evoluído em termos clínicos e neurológicos, predominou a hipertonia axial e do tronco e perturbação do equilíbrio. O desenvolvimento psicomotor está nos limites inferior do esperado para a idade.
As primeiras consequências registadas foram o atraso de crescimento intra-uterino, percentil corpo versus crânio discrepante (5-75), macrocefalia, um acentuado atraso motor, elevada hipertonia. O Dinis tem ainda uma acentuada descoordenação motora que se agrava pela e reduzida força e equilíbrio muscular, tem baixa visão no olho esquerdo e foi decretada em Outubro de 2009 a cegueira do olho direito. A sua doença ocular “microangiopatia da retina / síndrome de coat’s”, foi uma das consequência das lesões, que se caracteriza por ser uma enfermidade progressiva, com desenvolvimento anormal dos vasos que irrigam a retina e que provocam o descolamento total ou parcial, que no seu caso conduziram à cegueira do olho direito. Apresenta um défice grave nas funções sensoriais e dor, ao nível das funções da visão.
O Dinis continua em avaliação clínica.
Razões que determinam as NEE de carácter permanente/tipologia
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O Dinis apresenta um défice grave nas funções sensoriais e dor, ao nível das funções da visão. Apresenta dificuldades ligeiras na actividade e participação, relativamente à área de Mobilidade, em mudar as posições básicas do corpo, em manter a posição do corpo, em andar e em deslocar-se.
Avaliação das medidas implementadas e medidas a propor
Medidas educativas implementadas:
O Dinis encontra-se ao abrigo do Decreto-Lei n.º 281/2009 de 6 de Outubro, beneficiando de apoio da Equipa Local de Intervenção Precoce e do Decreto-Lei 3/2008 de 7 de Janeiro, com as seguintes medidas:
Art.º 16º
a) Apoio pedagógico personalizado.
Art.º 17º de acordo com as alíneas a), b), c), e d)
a) Reforço das estratégias utilizadas no grupo de turma ao nível da organização do espaço e das actividades.
b) Estímulo e reforço de competências e aptidões envolvidas na aprendizagem;
c) Antecipação e reforço das aprendizagens e conteúdos a desenvolver no grupo;
d) Reforço e desenvolvimento de competências especificas.
Art.º 27º - Intervenção Precoce na Infância
Para além das medidas acima referidas beneficiou de:
Apoio prestado pela educadora de Intervenção Precoce, duas vezes por semana, com estratégias delineadas de acordo com as capacidades e necessidades da criança;
Intervenção prestada pela Fisioterapeuta, três vezes por semana;
Programação dos objectivos com base no programa “Portage”;
Avaliação com a Escala Growing Skill´s II, no Centro de Saúde da Póvoa;
Consulta de Oftalmologia genética, no Instituto Gama Pinto;
Consulta de Oftalmologia / Retina no Centro Cirúrgico de Coimbra;
Consulta de Oftalmologia genética em Barcelona;
Estudo Genético em Helsínquia e Manchester;
Consulta de Genética, Neurologia, Nutrição, Ortopedia e Fisiatra, no Hospital D. Estefânia;
Consulta de Gastrenterologia no Hospital São João do Porto;
Trabalho articulado entre todos os técnicos intervenientes no processo educativo da criança e a família;
Avaliação das medidas implementadas:
O Dinis apresenta uma evolução gradual e homogénea em todas as áreas de desenvolvimento.
De acordo com a avaliação do Plano Individual de Intervenção e programa e a avaliação de desenvolvimento Growing Skill´s II, mantém como áreas mais fortes a Linguagem e Cognição, sendo a área mais comprometida a área Motora.
O Dinis está uma criança mais confiante, embora mostre alguma insegurança nas deslocações do espaço-sala, principalmente quando participa em actividades que envolvem movimento ou dança.
Evoluiu significativamente na interacção com os seus pares e adultos. Está mais comunicativo, faz perguntas, toma iniciativa para brincar com os colegas.
Nas actividades que lhe são propostas, aceita de bom grado a participação e envolvimento de outras crianças. Por vezes, escolhe uma criança e propõe a sua participação ao educador.
Na Área da Socialização, O Dinis é uma criança que sabe muito bem mostrar aos outros o seu capricho, ora revela uma simpatia contagiante, de sorriso e gargalhada espontânea, ora mostra um rosto amuado. É um conquistador.
Consegue partilhar a atenção do adulto, brinca com os pares e mantém alguma reserva em partilhar brinquedos. É capaz de manifestar as suas preferências, faz escolhas. Quando é lembrado diz por favor e obrigado e ajuda nas tarefas domésticas.
No jogo, consegue chutar e atirar com a mão uma bola pequena. Mostra alguma relutância em esperar pela sua vez, manifestando o seu desagrado, apresenta cara de zanga ou amuo. Quando confrontado com amigos que estão tristes, não manifesta preocupação ou conforto.
Na Área Cognitiva, melhorou significativamente os tempos de atenção/concentração nas brincadeiras/actividades desenvolvidas individualmente e em contexto de grupo.
Consegue ouvir pequenas histórias e acompanhar/participar com o educador na exploração de imagens de acção. Faz perguntas, repete palavras novas e procura imagens de dimensão reduzida.
Identifica várias partes do corpo e nomeia as cores primárias e secundárias. Identifica os conceitos: grande/pequeno, em cima/em baixo, dentro/fora, vazio/cheio. Distingue comprido/curto, alto/baixo. Faz contagem e correspondência um a um, até ao número 6. Identifica e nomeia as formas geométricas (círculo, quadrado e triângulo.
Na Área da Linguagem, ao nível da linguagem receptiva, demonstra boas competências, segue ordens de 2 passos, compreende os verbos das gravuras e as funções dos objectos, segue instruções com preposições (em cima/em baixo, atrás/á frente), compreende negativos e adjectivos de tamanho.
No que se refere à Linguagem Expressiva, elabora frases simples, nomeia objectos e gravuras familiares e usa palavras interrogativas (o quê? Onde?). Nomeia várias partes do corpo, objectos, frutos, animais da quinta e selvagens.
Na Área Motora, ao nível da motricidade grosseira, o Dinis tem feito uma evolução gradual. Consegue andar e deslocar-se com movimentos rápidos. É capaz de parar e iniciar a marcha evitando obstáculos. Sobe e desce escadas acompanhado com 2 pés no mesmo degrau.
Está emergente o subir escadas sozinho, alternando os pés.
Na Motricidade Fina, revela mais interesse nas actividades gráficas e de desenho espontâneo. Elabora o círculo e imita linha vertical e horizontal (as linhas representadas, parecem abarcar todo o seu campo visual).
Constrói torres de 4 a 6 cubos, puzzles de 2/3 peças e jogos de encaixe, tipo lego. É capaz de fazer enfiamentos de contas grandes, dobra um papel pela metade, abre portas, rodando os puxadores e maçanetas. Consegue partir pedaços de plasticina e modela uma bola com, embora necessite do estímulo do educador.
Apresenta como competências emergentes a representação da figura humana (cabeça e pernas). Virar uma página de um livro.
Área de Independência Pessoal, relativamente à autonomia pessoal, no que se refere à Alimentação: come o 2.º prato, sozinho e é capaz de comer a sopa, entornando um pouco. Bebe por um copo, sem ajuda.
Na Higiene, o Dinis iniciou o controlo dos esfíncteres e tem feito uma boa adaptação ao bacio. Pede para ir à casa de banho, mas ainda se verificam alguns descuidos.
No Vestuário, despe meias, calções e descalça os sapatos.
Medidas a propor:
Propõe-se para o próximo ano lectivo:
· Transição do Plano Individual de Intervenção para Programa Educativo Individual;
· Continuidade do apoio pedagógico personalizado 2/3 vezes por semana, individualmente e/ou em grupo;
· Continuidade da Fisioterapia;
· Continuidade nas consultas de especialidade;
· Continuidade da consulta na UPI;
· Reavaliação com recurso à escala Growing Skills´II ou escala de desenvolvimento mental Ruth Griffiths.
· Articulação entre todos os técnicos envolvidos no processo educativo da criança.
· Trabalho articulado com a família.
· Acompanhamento da criança e família às consultas de Especialidade sempre que seja necessário.